Louvado seja Deus por ter-me dado o dom da fala nossa, por ter-me ensinado a dizer "rula", e "avidoeira" e "dorna" e "fonte", e entom eu, sabendo estas palavras, era verdadeiramente dono da rula e da fonte. As minhas invenções e as minhas graças têm, porém, um sentido mais fundo: por riba e por baixo do que eu fago, eu quigem e quero que a fala galega durasse e continuasse, porque a duraçom da fala é a única possibilidade de que nós duremos como povo. Eu quigem que Galiza continuasse, e ao lado da pátria terrenal, da pátria que som a terra e os mortos, haja esta outra pátria que é a fala nossa. Se de mim algum dia se quiger fazer um elogio, e eu estiver dando erva na terra nossa, poderia dizer a minha lápida: "Aqui jaz alguém que com a sua obra fizo que Galiza durasse mil primaveras mais"
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