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O demo me leve
sexta-feira, julho 14, 2006
  A Biblioteca de Babel (I)
Depois de mais dum mês encerrado baixo terra na biblioteca volto com mais de um tema na cabeça para comentar no blog... que também é seguro que vos interessa nem um chisco, mais eu fico mais tranquilo :)

Por algumha razom que desconheço a meirande parte dos dias da semana podes colher dous jornais de balde na Conce: La Vanguardia e o ABC. O primeiro tem um passe, mais o segundo mete medo. Figem costume de colher o diário catalam para aforrar uns ouros durante este mês de mais gastos (e vale, colhia o outro para que certa pessoa faga os sudokus...) e sem busca-lo topei um tema interessante do que falar no blog nas suas páginas. O jornal catalam leva na sua contraportada umha entrevista diária com algum pessoeiro ou personagem digno de interés, um dia destes (magoa de nom guardar o ejemplar) cuido que vai uns dez dias, entrevistarom a umha "representante" de umha seita muito conhecida pola adesons de famosinhos e super-famosos nos últimos tempos (e nom, nom estou falando da seita católica e da reconversom da divina Nicole Kidman): a Kabbalah (Olho! Ligaçom a página dumha seita, ir com enso). Adoito a ler amodinho este tipo de entrevistas, cousa que a minha médica nom recomenda para úlcera, que caralho! Se puidem aturar a leitura do "chuche de poias mutuo" entre Gerhard Börner e Hans Küng (Que por mui crítico co Vaticano é um teista redomado que mete os fucinhos na ciência...) entrevistados por o Spektrum der Wissenschaft (e publicado na Scientific American, que supunha umha publicaçom mais ou menos seria) umha sectária mais nom pode fazer muito mal! Sorpresa desagradável quando às poucas perguntas a representante espeta umha das principais crenças da sua religiom: Toda a informaçom e a sabedoria do universo pode obter-se da interpretaçom do seu livro sagrado (Neste caso coincidente com a Thora, coido que ampliada com alguns textos), mais só se se empregam uns códigos e umha preparaçom mental que só eles conhecem, como no

O teminha da sabedoria comprimida no "livro de livros" (.zip?, .rar? .gz nom pode ser, que de trabalharem os deuses em Linux nom sairiam estas merdas de mundos) é um argumento recorrente nas religions. Mui prolíficas nessa teima som as chamadas (manda truco) "religions do livro" cristians, musulmans e os meus curmans (judeus). Estes últimos pais da Kabala histórica (Se Yosef Karo levantara a cabeça e vira no que convertem o seu engenho matemático clamava aos Bene Ha Elohim por vingança...). Todos eles argumentam, e em esto as seitas católicas levam premia a constância, que da leitura e interpretaçom dos texto sacrosantosagrados pode-se obter toda a informaçom e conhecimento sobre e do mundo. Já seja mediante a pura decodificaçom matemática/lógica/ocultista (a propria Kabala) ou umha mais "de letras" centrando-se no significado, todas coincidem em que a "obra divina" da Biblia contem o reflexo do mundo material e do espiritual nas suas páginas. E dizer, que a informaçom que representa a enormidade (que nom infinidade) da Realidade está, dalgum jeito, codificada na relativamente pequena longitude desse texto religioso. Nom paga a pena entom romper a cabeça para obter a informaçom direitamente do mundo cousa que fá a Ciência: o estudo bíblico, a decodificaçom do contido acochado por esse deus bom, permite aceder a todo isso...

Qualquera com um pouco de cultura matemática, pouco mais da que teriam os rapazolos que figerom vai uns dias a Selectividade, poderia erguer a mao agora e dizer que isso é umha parvada. Nom negaria, nosso hipotético estudante de bacharelato, que essa informaçom pode estar contida na biblia, mais o esforço necesario para "saca-la" nom compensa o tempo empregado. Pode-se comprender que os teólogos anteriores ao século ___ tiveram essa teima milenária, pero desde o nascemento da teoria da informaçom moderna argumentar esse tipo de cousas é um pouco parvo. Claro que esse "conhecemento matemático básico" nom se imparte aos estudantes de bacharelato na vida real, e se o fam é de jeito tam árido, formal e alongado destas aplicaçons que nom calhara na mente dos rapazes. Faze-lo doutro jeito seria fomentar o pensamento crítico, o racionalismo e a racionalidade e o laicismo, cousa que nom interessa a ninguem neste mundo. Pero pode que me equivoque, e que algum professor de matemáticos em algum instituto da Galiza ou do mundo contara este ano a historia da Biblioteca de Babel aos seus alunos, e por sorte esses poucos jovens tenham as ferramentas (ou armas) que precisa o mundo para luitar contra a nova época de escuridade que as religions traem sobre o mundo. E eu quero pôr o meu grão de areia e explicar-vos esta pequena "parábola" (por empregar a mesma verbas que eles) que ilumina o chamado "Teorema da complexidade algorítmica de Kolmogorov" (Com colhades medo polo nome).

A Biblioteca de Babel.

milheiros de anos, no reino dos Dous Rios, na cidade de Babel, onde nasceu a civilizaçom e a cultura humana e que hoje é um cemitério bombardeado e espoliado polos filhos da incultura e o ódio, governava um sábio monarca. Este rei de reitas barbas, babilónico perfil (adjectivo nunca melhor posto) e braços guerreiros tinha no seu coraçom a real obsessom de compilar na biblioteca do seu reino todos os livros, e todo o conhecimento, do mundo. Empredeu guerras, gestionou castelos de naipes diplomáticos, ameaçou, mercou, roubo e mil cousas mais só para reunir todas as obras escritas na sua época e nas passadas. Contando com que o seu povo era um dos poucos que descobrira um jeito de plasmar sobre a argela as palavras e os pensamentos que como volvoretas voavam das bocas e das mentes nom foi umha tarefa mui difícil.

Orgulhoso o rei reuniu a sua corte na biblioteca, diante dos centos de tabelas de barro cheas de apertados triangulinhos que guardavam o conhecimento de todo um mundos, e proclamou que povo de Babilonia era o mais sábio dos tempos, e que na Biblioteca de Babel estava todo o saber do mundo. Pero um personagem, destos que nom podem faltar numha historia como mandam os cânones: um juglar, rachou coa ledícia do rei. Sem cavilar muito abriu a boca e derrubou a alegria do momento:

-Pero nom está todo.

A corte, momentos antes um rebumbio de festa e felicidade patriótica, calou de súpeto. O governante, tam chocado como o resto dos aristocratas (Pero sabendo dissimilar melhor, que para isso era o rei) fitou de arriba a abaixo ao impertinente e perguntou-lhe, com esse tom cadencioso de quem pode ordear que lhe cortem o pescoço ao seu interlocutor cum aceno:

-Que queres dizer?-Que nom está todo o conhecimento do mundo.
-Nom sei se és parvo ou inconsciente, pero nom vês que aqui estam todos os livros do mundo? Que mais conhecimento há!
-Pero nom todo o conhecimento está nos livros!! Há muitas cousas que a gente sabe e nom as escreve! E há muitas cousas que agora ninguem sabe pero dentro duns anos ou duns séculos a gente conhecerá!

O rei calou. A historia nom conta que lhe passou ao juglar impertinente, pero si continua coa profunda tristeza do soberano. Deixou de comer e dormir, convencido agora que nunca passaria as páginas da historia pois os inimigos eram invatíveis! O Tempo e a Realidade formavam umha avinça contra os seus desejos de iluminaçom. Nom poderia ter agora os livros que ainda nom se escreveram! E menos aqueles nunca se escriviriam!!. Passou mês em jajum, mentres o seu cerebro cavilava em umha soluçom ao seu dilema. E um bo dia saiu da sua habitaçom com um sorriso satisfeito no demacrado rostro. Mandou reunir aos seus conselheiros e deu-lhes as seguintes ordes:

-Reunide a cada homem que saiba escrever no meu reino e encerrade-os na biblioteca. Dade a cada um gubia e tabuinha (agora diríamos papel e lapis...) e este mandado: O primeiro deles escreverá um livro de mil páginas formado só pola primeira letra do alfabeto repetido um milheiros. O segundo escrevam fará um livro igual, agás pola última letra que será a segunda do nosso alfabeto. O terceiro fará um livro como o primeiro, mais trocará o antepenúltimo símbolo polo seguinte... Assim até que chegue um momento em um deles escreva um livro com o nosso segundo símbolo ao começo do mesmo e o resto todo primeiras letras. Entom continuareis o processo, engadindo mais letras, espaços, símbolos de puntuaçom... Ao rematares teremos na nossa biblioteca todas as convinaçons possíveis das letras que formam os livros, é dizer, todos os livros que as geraçons futuras escreveram, e também aqueles que se poderiam escrever pero nom o fariam.

Ficam os membros da corte abraidos pola ideia e rapidamente o império revolucionou-se para cumprir as ordes do monarca. Recrutarom-se todos os homens disponhíveis e ampliou-se a Biblioteca para poder gardar os miles de milhons de tabuinhas que o projecto produziria, vaciarom-se as os asolagos do Tigris e o Eufrates para obter o barro precio. Ordeou-se todo como mandara o governante e os escribas começarom o seu gigantesco trabalho. Passarom os messes, e os anos, mentres milheiros de livros eram criados baixo a talha das gubias. Os bibliotecarios ordeavam volume tras volume, nada mais sair das mans dos "escritores". Depois de dez anos de trabalho a gargantuesca obra rematou: umha quantidade quase incontável de terreas páginas repossavam nos anaqueis e o rei ordeou umha festa digna de aparecer nessos mesmos livros.Alzando a sua copa no banquete o rei brindou pola consumaçom do seu sonho, pero dixo algo que sorprendeu a todos:

-Grande obra a nossa biblioteca! Pero inecesaria! - um rebumbio ascendeu polas mesas- Para que ocupar espaço com centos de livros quando todo o conhecimento do mundo pode ser resumido numhas quantas frases. Nas instrucçons que dim aos meus ministros para contruir esta maravilha da humanidade está o segredo para criar todo o conhecimento do mundo, e polo tanto elas mesmas som toda a sabedoria! O trabalho dos bibliotecarios é inútil, pois de nada serve já gardar os livros!

Passarom
os dias e os messes o um dia o rei reciviu nos seus aposentos umha notinha que lhe indicava que os seus bibliotecarios toparam entre as obras futura umha deliciosa obra de teatro que escreveria um ilustre galego dentro duns miles de anos. Perguntando-se que caralho era um "galego" o rei babilónico dirigiuse à biblioteca para desfrutar do fino humor da anonimamente recomendada obra. Chegou a entrada e cum movimento da sua regia mau chamou ao bibliotecario chefe e dixo:

-Escutei falar dumha obra de teatro cómico que escreverá um tal Castelao na Galiza, quero lê-la.
-Oh! Sim! - respondeu o velho cuidador de livros, cum brilho de maldade nos olhos- falamos muito dela entre os bibliotecarios esta semana, topou-na por casualidade um dos mais novos. Indicarei-lhe como chegar: Entre voçe ao edificio do O, vaia à â do S entre na secçom do espaço, polo pasilho do V atopará o primeiro giro do E e depois a do L, agora terá que dobrar na esquina do H, até a habitaçom do O e continuar onde indique o S...... - o velho falou durante horas, dias, quase umha semana, sendo relevado quando nom puido mais por outro bibliotecario, até que o dézimo deles rematou de soletrear a obra completa- por último, na estanteria do F do anaquel do I colha o livro numerado coa última letra N...

O rei, que nom interrompeu o desfile de bibliotecarios dando-lhe instrucçons comprendeu entom a gralha no seu razonamento. Na suas "frases da sabedoria" estava toda a informaçom necessaria para fabricar todo o conhecimento do mundo, pero nom para topar o que um buscava... sem conhece-lo antes...
_________________________________________________

Bem, como dizia esta historia é um bo ejemplo do "Teorema da complexidade algoritmica de Kolmogorov". Simplificando ao máximo o seu enunciado podemos dizer que o tempo de transferência que aforramos comprimindo umha mensagem o perdemos codificando-a (e decodificando-a no seu objetivo). Todo o mundo comprimiu um arquivo para envia-lo por correio o por um programa P2P, fazemos isto porque a velocidade de transferência da rede é limitada e nom queremos ocupar a nossa conesom enviado esse arquivo. Pero também sabemos que comprimir o arquivo leva um tempo, descomprimi-lo outro e alguem adicou um tempo a programares e instalares o programa no nosso ordenador. Esses tempos estam direitamente relacionados coa diferença de longitude entre o arquivo original e o comprimido, a largura da rede. Ademais, quando maior e a compresom da informaçom mais "grande" tem que ser o programa que codifica e decodifica, mais datos compre ter para interpretar o arquivo.

Umha compressom tam absoluta como a do Rei de Babel (todo o conhecimento do mundo numhas poucas palavras) precisa dumha enorme quantidade de informaçom para poder emprega-la. Fai falha conhecer todo o contido do livro para poder atopa-lo na biblioteca. E nom so o titulo! Co método empregado polo rei crianse milhons de livros co mesmo títulos, algúns so divergen numha letra em toda a obra, outros cotenhem infinitude de convinaçons ao chou, e podemos topar baixo o título da peça de teatro de Castelao a "Guerra e Paz" de Dostoiesky ou umha recopilaçom de chistes de Marianico "El Corto"....

Bom! Até aquí por hoje! Outro dia mais!
 
Comments:
Ho :_ Nem um: ânimo fer! Algum dia seras divulgativo!
 
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